Lésbica - Crônica
Sempre amei contar histórias e, desde que aprendi a escrever, sou encantado pelas narrativas. Esse texto foi escrito na primeira pessoa do singular (perceba que nas frases cabe o sujeito "eu") e o narrador é personagem (conta algo que aconteceu com ele mesmo).
Leiam essa história que aconteceu comigo!
Imagem retirada de: <automotivebusiness.com.br> acesso em 14 de Janeiro de 2020
Minha rotina de saída da escola ao longo do primeiro ano no ensino médio era a mesma todos os dias: tomava o 317 no ponto de ônibus em frente à escola e descia na avenida das Amoreiras. Lá, eu esperava por alguns instantes até que passasse alguma linha que entrasse em meu bairro.
Todos os dias eram uma mesmice, salvo quando eu me atrasava e entrava no ônibus um pouco depois. Estes sim eram os dias que me animavam porque, um ponto antes do que eu descia, subia no veículo ela, a menina que me instigava apreço. Nós sempre trocávamos olhares apesar de nunca termos conversado, seu cabelo era preto e provavelmente cacheado, mas estava sempre alisado, seus olhos castanhos e curiosos me deixavam impressionado e suas bochechas, levemente avantajadas, davam um toque especial à "crush do busão".
Nosso flerte diário durava apenas alguns instantes já que eu sempre descia logo depois que ela subia, mas ele era suficiente pra alegrar minhas tardes. Constantemente, eu pensava na possibilidade de ir conversar com ela, de perguntar o nome, como ela estava, talvez pedir o número de telefone ou o nome da conta em alguma rede social. Entretanto eu nunca o fiz, tais pensamentos logo se esvairavam e eu voltava à minha realidade.
Eu sabia que ela também sentia alguma coisa, ou pelo menos achava, ela sempre trocava olhares comigo e, às vezes, eu até tinha a impressão de que ela cochichava alguma coisa com as amigas.
O tempo passou e eu me mudei de casa, não via mais a "crush do busão". Apesar disso eu nunca me esqueci dela, vira e mexe ela me voltava à lembrança, eu recordava nosso flerte à distância e sua feição.
Passados uns seis meses, eu voltei a ter que tomar aquela linha, a 317, e foi justamente na hora da saída da escola dela! Eu a vi perto do portão e ela estava diferente, seu cabelo estava um pouco mais curto e ela agora levava um piercing no nariz. Continuava linda, mas renovada. Tê-la visto me animou e fiquei, como de costume, pensando sobre quem ela era, sobre o que fazia e sobre qual a chance de um dia nos reencontramos.
Mais uns três meses se foram e, mais uma vez, precisei passar por aquele caminho. Quando o ônibus foi se aproximando do ponto em que ela subia, já direcionei meu olhar pela janela para ver se a menina do cabelo alisado estaria lá. Dito e feito! Lá estava ela com a mesma beleza que eu já bem conhecia. Mas dessa vez ela estava acompanhada. Estava de mãos dadas com uma menina, pensei que podia ser uma amiga e a fiquei admirando enquanto o ônibus estava parado no semáforo. Em uma fração de segundos, as duas se olharam e começaram a se beijar. A crush do busão era lésbica!
Minhas memórias de tanto tempo vieram à tona e minhas expectativas foram por água abaixo. Nossos flertes passaram a parecer outra coisa, os cochichos dela junto às amigas já não pareciam significar o mesmo.
Pois bem, ela agora segue sua vida e permanece com sua beleza e eu... Bom, eu permaneço trouxa!
Por Samuel Reis.

Kkkkkkk
ResponderExcluirCom certeza você não é o trouxa.
Este comentário foi removido pelo autor.
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